Trump nomeia general dos fuzileiros navais para comando sul dos EUA

O presidente Donald Trump (Partido Republicano) indicou na 6ª feira (19.dez.2025) o tenente-general Francis L. Donovan para assumir o comando do Comando Sul dos Estados Unidos, segundo informações do jornal norte-americano The New York Times. A nomeação se deu em um contexto de intensificação das operações militares norte-americanas contra a Venezuela. Donovan, que tem extensa experiência em operações especiais e no Oriente Médio, substituirá o almirante Alvin Holsey, que se aposentou do cargo.

Donovan atualmente ocupa a posição de vice-comandante do Socom (Comando de Operações Especiais dos EUA). Sua indicação foi enviada ao Congresso na 6ª feira (19.dez) e, caso seja confirmado pelo Senado, deverá receber uma 4ª estrela. Ainda não há data definida para a votação de sua confirmação no Senado.

A saída do almirante Holsey está relacionada a preocupações que ele manifestou sobre a estratégia adotada pelo governo Trump. Segundo autoridades de defesa, Holsey questionou a decisão da administração de atacar e matar pessoas acusadas de “narcotrafficking” em uma série de operações realizadas no Caribe e no Pacífico oriental desde 2 de setembro.

As operações militares têm provocado críticas de legisladores republicanos e democratas, além de especialistas militares que questionam a legalidade dessas ações. Os ataques ocorreram em águas sob jurisdição do Comando Sul dos Estados Unidos.

O Pentágono confirmou na 5ª feira (18.dez) que forças militares norte-americanas mataram mais 5 pessoas acusadas pela administração Trump de tráfico de narcóticos por via marítima. Com essas duas operações recentes, o total de mortos na campanha da administração chegou a 104 pessoas, de acordo com dados oficiais do Pentágono.

A tensão na região aumentou depois que Trump declarou um bloqueio contra petroleiros que entram e saem da Venezuela. Em resposta, o presidente venezuelano Nicolás Maduro determinou que sua marinha escoltasse navios transportando produtos petrolíferos dos portos do país.

O general Donovan construiu sua carreira militar como oficial de infantaria, reconhecimento e operações especiais. Ele comandou fuzileiros navais nas três Forças Expedicionárias de Fuzileiros Navais e liderou duas forças-tarefa navais. Donovan vem de uma família com tradição militar.

Durante os confrontos com a milícia Houthi no Iêmen, Donovan comandava uma força-tarefa anfíbia da Quinta Frota que operava no sul do Mar Vermelho. Nesse período, ele descobriu como os Houthis estavam mirando em navios. O general identificou que os Houthis haviam adaptado sistemas de radar comerciais, disponíveis em lojas náuticas, transformando-os em equipamentos mais portáteis montados em veículos na costa.

A partir dessa descoberta, Donovan desafiou seus fuzileiros a desenvolverem algo semelhante. Em poucos meses, fuzileiros navais em diferentes partes do mundo estavam adaptando sistemas de radar móveis inspirados na tecnologia dos Houthis.

“Narcotrafficking” foi o termo usado pelas autoridades de defesa para descrever as atividades das pessoas que foram alvo dos ataques americanos, conforme relatado por fontes do Pentágono à correspondente Helene Cooper do The New York Times.