Artistas consagrados lotam agendas de grandes casas de shows; produtores brasileiros deixam marcas na noiteArtistas consagrados lotam agendas de grandes casas de shows; produtores brasileiros deixam marcas na noite

Entre palcos e pistas, Brasil encontra o seu público em Portugal

2025/12/28 16:40

A presença da música brasileira em Portugal ganhou volume nos últimos anos, tanto nos grandes palcos quanto na noite. De um lado, o calendário de shows de artistas consagrados cresceu de forma expressiva, com datas esgotadas em 2025 e novas turnês anunciadas para 2026. Do outro, produtores brasileiros passaram a ocupar espaços fixos da vida noturna portuguesa com projetos regulares, formatos próprios e leitura atenta do público local.

Não se trata de “transformar” a cena portuguesa, mas de mostrar que algumas iniciativas vêm dando certo ao combinar repertório, experiência e método trazidos do Brasil com as dinâmicas culturais de Portugal.

Alguns artistas e bandas do Brasil que passaram por Portugal em 2025:

  • pop e rock – Paralamas do Sucesso, Gabriel o Pensador, Fresno, Roupa Nova e Pabllo Vittar;
  • MPB – Alceu Valença, Ney Matogrosso e Oswaldo Montenegro
  • sertanejo – Luan Santana, Henrique & Juliano, Chitãozinho & Xororó, Zé Neto & Cristiano e Ana Castela;
  • samba, pagode e axé – Alcione, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Grupo Revelação, Thiaguinho, Ivete Sangalo e Daniela Mercury;
  • funk – Pedro Sampaio, Kevinho e Cabelinho.

Já há eventos anunciados para 2026 de Lucas Lucco, Maiara & Maraísa, Bruno & Marrone, Paulo Ricardo, Djavan, Menos é Mais, Oswaldo Montenegro e outros.

Integrante do Menos é Mais, grupo de pagode formado em Brasíli, o percussionista Gustavo Góes disse ao Poder360 que a relação com Portugal se consolidou ao longo dos últimos anos. “A gente se sente muito honrado de poder levar o pagode mais uma vez para esse lugar”, afirmou. Segundo ele, Lisboa esteve entre os primeiros destinos internacionais do grupo, com um show para mais de 5.000 pessoas.

Para 2026, o Menos é Mais prepara apresentações nas maiores casas de shows do país. “É um desafio muito grande, mas estamos nos dedicando muito, colocando música na rua, divulgando bastante e tendo essa conexão com o público de Portugal, que é o que mais importa”, disse Góes. Ele declarou que a estratégia de atuar fora do Brasil passa por estar onde o público está. “O artista tem que estar onde o fã e quem curte o som estão”, afirmou, acrescentando que a audiência em Portugal não se limita a brasileiros.

Enquanto os grandes shows avançam, a noite também passou a absorver projetos contínuos. No Porto, a Crio, produtora comandada por Valdir Junior, assumiu a curadoria musical do Hard Rock Cafe da cidade. Engenheiro civil de formação, Valdir chegou a Portugal com planos fora da música, mas acabou migrando para o audiovisual e, depois, para a produção cultural. A virada se deu na pandemia, com pocket shows, gravações ao vivo na sua própria casa e projetos que conectaram músicos, marcas e plataformas digitais.

A partir de 2022, o trabalho chegou ao Hard Rock, uma multinacional que entregou a Valdir a curadoria de eventos. A proposta foi clara: tornar o local um espaço cultural permanente, sem restringir estilos. O rock tradicional da casa dividiu agenda com samba, forró, projetos autorais e artistas em circulação pela Europa, além de covers de artistas como Rita Lee, Tim Maia e Foo Fighters.

Segundo Valdir, a frequência de moradores locais aumentou à medida que a casa deixou de ser vista apenas como atração turística. “O cara sabe que vai ter evento toda semana”, afirmou. Para ele, o fato de ser brasileiro facilitou o diálogo com artistas, mas a confiança do público português foi construída com o tempo.

O diferencial, na visão do produtor, foi oferecer estrutura aos artistas, além de integrar música ao vivo e registro profissional. “Começou a ser muito atrativo para o músico passar no Hard Rock porque é uma casa em que a gente recebe o músico de uma forma digna para tocar”, disse.

Em Braga, o produtor Lucas de Freitas seguiu outro caminho. A partir de 2021, passou a organizar festas regulares com identidade assumidamente brasileira, levantando a bandeira do país como marca. “Eu não via ninguém fazer nada que se propusesse orgulhosa e escancaradamente a ser uma festa brasileira”, disse. O diferencial, segundo ele, foi a consistência: programação frequente, diversidade musical e um conceito claro de entretenimento.

Lucas afirma que o modelo enfrentou resistências, sobretudo por romper com padrões tradicionais da noite portuguesa, como dress code rígido que, por exemplo, proíbe o uso de tênis e obriga a utilização de salto alto. Em Portugal, é comum que locais que promovem festas tenham seguranças na porta para liberar ou barrar a entrada –por causa de roupas que não sejam consideradas adequadas ou por outro motivo qualquer.

“Para muitas pessoas a noite era chique, um ato de elegância. Não era divertido, não era extravagante”, disse.

Ele implementou a ideia de “espaço seguro”, rejeitando restrições de vestuário. O conceito atraiu público, mas esbarrou em limites estruturais de uma cidade pequena e na saturação do mercado, então Lucas abriu o leque e além de organizar festas voltadas ao funk e ao pop, produziu eventos de pagode que lotavam o Mercado Municipal de Braga.

O produtor disse que parte do impacto das festas vinha de elementos simples, mas pouco comuns na noite local. “Os caras ficam chocados, portugueses assim: tem comida, tem coxinha, tem tatuagem, show de drag queen. Ficam como se tivessem descoberto um novo mundo”, afirmou.


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