O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta 4ª (10.dez.2025) a suspensão de 6 meses do mandato do deputado Glauber Braga (Psol-RJ) por quebra de decoro parlamentar –em abril de 2024, Glauber agrediu e expulsou da Câmara um integrante do MBL (Movimento Brasil Livre). O placar foi de 318 votos a favor e 141 contra.
Inicialmente, estava prevista a votação da cassação do mandato do deputado. O Psol, porém, apresentou um destaque de preferência para que, antes disso, fosse analisada a possibilidade de suspensão do mandato por 6 meses. O partido negociou com legendas do Centrão com o objetivo de viabilizar a suspensão em vez da cassação.
A lógica era a seguinte: se a suspensão fosse rejeitada, a votação sobre a cassação seria realizada logo em seguida. Entretanto, a margem apertada na aprovação do destaque –226 votos a favor e 220 contra– sinalizou aos congressistas da direita que provavelmente não haveria os 257 votos necessários para aprovar a cassação. Sem esses votos, o processo seria arquivado ou devolvido ao Conselho de Ética, e o deputado escaparia sem punição alguma. Diante desse cenário, parte da direita e do Centrão mudou de estratégia e passou a apoiar a suspensão de 6 meses, garantindo assim que Glauber Braga recebesse ao menos alguma penalidade.
Glauber foi suspenso por agredir o youtuber Gabriel Costenaro, do MBL. Na ocasião, o deputado disse que havia sido provocado e, por isso, se sentiu intimidado pelo ativista. Gabriel, por sua vez, afirmou que foi abordado por Braga enquanto almoçava e acabou expulso aos pontapés da Câmara dos Deputados.
À época, Glauber disse não se arrepender da agressão. Em vídeo publicado em seu perfil no X (ex-Twitter), o congressista afirmou que Costernaro “tem histórico de de agressão a mulheres” e que já o provocou em outras ocasiões.
Constenaro é motorista de aplicativo e, segundo ele, estava junto de outros profissionais para reivindicar direitos à categoria. Outros motoristas ali presentes disseram que não sabiam da intenção do integrante do MBL de confrontar Glauber. Depois da confusão, os 2 foram direcionados à Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados.
Na 3ª feira (9.dez), Glauber protestou contra a decisão da Câmara de pautar a votação de sua cassação para o dia seguinte. Ele se sentou na cadeira do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), para demonstrar insatisfação com a decisão do paraibano. Disse que ficaria no local até o “limite” das suas forças.
Enquanto Braga ocupava a Mesa Diretora, a transmissão ao vivo da TV Câmara foi interrompida. Os jornalistas foram impedidos pela Polícia Legislativa de entrar no plenário. A maioria estava aglomerada na porta, pedindo para ter acesso. Foi neste momento que teve início uma 2ª confusão.
Pouco antes de o deputado ser escoltado pela Polícia Legislativa para fora do plenário, a mando de Motta, os jornalistas foram avisados que teriam que “recuar”. Na sequência, um dos policiais deu a ordem: “Vamos tirar todo mundo”. Começou então o empurra-empurra.
Assista ao momento em que Glauber Braga é retirado da Mesa Diretora (4min29s):
Imagens gravadas pelos profissionais dos veículos de mídia mostram a Polícia Legislativa abrindo caminho à força entre jornalistas e outras pessoas que estavam no local. É possível ouvir gritos de “vamos abrir”, “Polícia Legislativa libera”, “calma” e “parou”.
Eis uma linha do tempo (minuto a minuto) da confusão:
Profissionais do Poder360 relataram que:
Motta afirmou que o protesto de Glauber foi um desrespeito à Câmara e ao Poder Legislativo. Sugeriu que o deputado psolista é um “extremista”. Eis o que o presidente da Câmara postou em seu perfil no X: “O agrupamento que se diz defensor da democracia, mas agride o funcionamento das instituições, vive da mesma lógica dos extremistas que tanto critica. O extremismo não tem lado porque, para o extremista, só existe um lado: o dele”.
Motta afirmou que o protesto de Glauber foi um desrespeito à Câmara e ao Poder Legislativo. Sugeriu que o deputado psolista é um “extremista”.
Glauber Braga criticou a diferença de tratamento que recebeu ao comparar o episódio em que, em agosto, deputados como Van Hattem (Novo) e Zé Trovão (PL) ocuparam a Mesa Diretora da Câmara. Ele afirmou que, em vez de terem sido tirados à força como ele, os deputados de oposição saíram sem nenhuma represália após diálogo com o presidente da Câmara.
“A única coisa que eu pedi ao presidente da Câmara foi que ele tivesse 1% do tratamento para comigo que deve com aqueles que sequestraram com aqueles que sequestraram a mesma diretora da Câmara por 48 horas por dois dias”, disse Glauber.
Artistas participaram de uma campanha nas redes sociais a favor do deputado Glauber Braga (Psol-RJ). No vídeo, nomes como Cláudia Abreu, Paulo Betti e Eduardo Moscovis dizem que “Glauber fica”. É uma referência ao processo em tramitação na Câmara que vai analisar a cassação do mandato do congressista.
Glauber divulgou o vídeo em suas redes sociais nesta 4ª feira (10.dez.2025).
Assista ao vídeo (1min5s):
Eis os artistas que fazem parte da campanha e aparecem nas imagens:


