“A culpa é do Tarcísio”, brinca Lula sobre apagão em São Paulo

Um vídeo gravado durante o evento de lançamento do canal SBT News, na 6ª feira (12.dez.2025), mostra o prefeito Ricardo Nunes (MDB), ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), abordando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para falar sobre o problema da falta de energia em São Paulo.

Lula aponta para o governador e, em tom de brincadeira, diz a Nunes: “A culpa é do Tarcísio”.

Assista ao vídeo (39s):

A qualidade do áudio da gravação não permite compreender o que Lula responde a Nunes e Tarcísio. Mais adiante, na breve conversa, o prefeito de São Paulo afirma: “Desculpa perturbar com isso, mas eu sei que o senhor se preocupa com o povo igual a gente se preocupa”.

Em seu discurso, durante o lançamento do canal de TV do Grupo Silvio Santos, Nunes já havia feito um apelo ao presidente Lula, que estava na plateia.

“Eu espero que na 2ª feira, na estreia [do SBT News], presidente, a gente não tenha ainda a cidade de São Paulo sem energia, meu presidente, você precisa nos ajudar nisso. Não está fácil”, afirmou o prefeito da capital paulista. Tarcísio, Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) sorriram. A primeira-dama Janja da Silva permaneceu séria.

Desde 4ª feira (10.dez), milhões de clientes da distribuidora Enel vêm enfrentando um apagão após a passagem de um ciclone extratropical pela região metropolitana de São Paulo.

Neste sábado (13.dez), segundo a concessionária, o número de imóveis que ainda estavam sem luz era de 498.135. Na 4ª feira (10.dez), ultrapassou os 2,2 milhões.

Diante da falta de energia, a gestão da Enel, empresa italiana de distribuição, foi alvo de críticas. Tarcísio declarou que a população está “refém” da concessionária e cobrou uma resposta mais rápida e eficaz para evitar que eventos climáticos causem apagões generalizados, em um contexto de frequentes interrupções nos últimos anos.

Em agosto, a Prefeitura de São Paulo entrou com uma ação na Justiça Federal para impedir a antecipação da renovação do contrato de concessão de energia elétrica com a Enel, que se encerra em 2028.  

A ação judicial tinha como objetivo obrigar o governo federal, responsável pela concessão, e a Aneel, agência reguladora federal, a considerarem a realidade de São Paulo antes de qualquer renovação do contrato, exigindo que a concessionária se adapte aos novos desafios climáticos e ambientais cada vez mais comuns na região metropolitana da maior cidade do país.

O pedido foi aceito em outubro e a suspensão da renovação também foi aprovada. Ou seja, o processo de renovação antecipada ainda está em análise e não foi concluído até este momento. A Justiça determinou que novas análises sejam feitas antes de qualquer decisão sobre prorrogar o contrato da Enel para além de 2028. 

A antiga Eletropaulo, empresa estatal de economia mista responsável pela distribuição de energia em São Paulo, foi privatizada em 1998, sob o governo de Mário Covas (PSDB). Até 2018, o controle da distribuidora esteve com a AES Corporation, dos Estados Unidos.

A Enel assumiu a distribuidora em 2018 após adquirir a participação da AES. A operação não envolveu venda de ativos pelo governo do Estado, que à época estava sob comando de Márcio França (PSB).