Investigações da Polícia Federal apontam que o senador Weverton Rocha (PDT-MA) deu suporte político para as atividades empresariais e financeiras de Antônio Carlos Camilo Antunes, que ficou conhecido como Careca do INSS. O senador é considerado pela corporação como um dos líderes da organização criminosa que fraudou beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Weverton foi alvo de busca e apreensão em sua casa em Brasília na manhã desta 5ª feira (18.dez.2025). Não houve ações no gabinete do congressista. A Polícia Federal e a CGU (Controladoria-Geral da União) deflagraram a nova fase da operação Sem Desconto, que apura um esquema nacional de descontos associativos não autorizados aplicados sobre aposentadorias e pensões no INSS. A operação foi autorizada pelo ministro André Mendonça, do STF (Supremo Tribunal Federal). Leia a íntegra (PDF – 508 kB).
Segundo a corporação, o Careca do INSS tinha problemas financeiros antes de atuar nas fraudes de beneficiários da Previdência. Assim que entrou no esquema, teve uma ascensão patrimonial abrupta.
“O enriquecimento de Antônio foi viabilizado por suporte político”, diz a PF. Para os investigadores, o Careca do INSS era um “trabalhador comum” com dificuldades financeiras antes de “acessar as oportunidades abertas por esse canal”.
De acordo com investigações da PF, o senador tinha como interlocutores pessoas que trabalhavam diretamente com o Careca do INSS. Um dos indícios considerados foi uma planilha identificada como “Grupo Senador Weverton”, encontrada em dispositivos de investigados apontados como operadores do esquema.
Ex-assessor de Weverton, o empresário Gustavo Marques Gaspar é apontado também pela investigação como a principal ligação entre o Careca do INSS e o senador. Gaspar foi assessor no gabinete do congressista por 4 anos, de 2019 a 2023, e é considerado seu “braço direito”.
Segundo a Polícia Federal, Gaspar ocupou cargos estratégicos no Legislativo e no Executivo, o que lhe teria garantido acesso a ambientes decisórios e capacidade de articulação institucional, ampliando seu potencial para atuar como elo entre o esquema financeiro e o meio político. De acordo com a investigação, Gaspar atuou como um dos “agentes de interface com o meio político, seja no que se refere aos descontos associativos fraudulentos, seja na celebração de novos contratos públicos ou, ainda, na lavagem de capitais”.
Rubens Costa, um dos funcionários do Careca do INSS, ajudou Gaspar a reativar um CNPJ que estava inativo havia 10 anos, transformando-o em uma empresa de sociedade anônima.
A investigação também aponta que o Careca do INSS mandou vender um carro que estava em nome do empresário Gustavo Gaspar, ex-assessor de Weverton por 4 anos (de 2019 a 2023) e considerado seu “braço direito”.
O veículo era um Volkswagen Passat preto blindado. Em conversas entre o Careca e seu filho, Romeu Carvalho Antunes, ambos discutem a venda por meio da Aielo Motors, concessionária de luxo de São Paulo investigada por ter atuado para lavar dinheiro do esquema.
O Careca do INSS está preso desde 12 de setembro. Romeu foi preso na operação desta 5ª feira (18.dez).
A Procuradoria-Geral da República se manifestou contra a decretação de prisão preventiva de Weverton Rocha, entendimento acolhido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça. Apesar disso, o STF decidiu manter a investigação sob sua jurisdição por haver menções a parlamentar com foro por prerrogativa de função.
Em nota enviada à GloboNews, o senador afirmou ter sido surpreendido, mas que está à disposição para “esclarecer quaisquer dúvidas”.
Eis a íntegra: “O senador informa que recebeu com surpresa a busca em sua residência, com serenidade e se coloca à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas assim que tiver acesso integra à decisão”.


