Professor, político e escritor, Cristovam Buarque atravessa a vida pública há décadas defendendo que não há progresso sem educação universal de qualidade.
O ex-ministro da Educação, governador e senador pelo Distrito Federal é o convidado deste episódio de The Business of Life, apresentado pelo rabino Nilton Bonder.
Nascido no Recife, Buarque se formou em engenharia mecânica na UFPE por pragmatismo – mas, em meio à agitação política dos anos 60, percebeu os limites da profissão. “O engenheiro mecânico em Pernambuco, sobretudo no meu tempo, era apenas um capataz urbano,” diz.
Integrante da Ação Popular, movimento de resistência cristã à ditadura, se exilou em Paris, onde se tornou doutor em Economia pela Sorbonne, em 1973. Após trabalhar no BID em projetos no Equador e Honduras, retornou ao País em 1979.
Reitor da Universidade de Brasília entre 1985 a 1989, foi apenas após a academia que ingressou na vida partidária: no PT entre 1990 e 2005, foi governador do DF entre 1995 e 1999, tornando-se senador em 2003.
Após a demissão do cargo de Ministro da Educação, migrou para o PDT, sendo o candidato da sigla à Presidência, em 2006. Em 2016, migrou para o Cidadania, deixando o Senado em 2019.
Ao falar de política, Buarque é pouco otimista. Para ele, as demandas do eleitor e prioridades da classe política entraram em choque com os desafios das mudanças climáticas. “A era da escassez exige dizer que não dá para todos,” afirma.
“Às vezes me pergunto se não foi um erro ter entrado na política. Talvez, se eu tivesse ficado na vida puramente acadêmica, teria dado uma contribuição maior.”
Para Buarque, o País universalizou o acesso à educação sem universalizar a qualidade. “As piores pessoas do Brasil não são educadas, são instruídas,” diz.
Notório defensor da federalização do ensino, ele busca um modelo público, mas não necessariamente estatal: “A esquerda precisa aprender que público não é sinônimo de estatal,” afirma.
Aos 81 anos, Cristovam cogita uma cadeira na Câmara por entender que política é uma missão: “Vai ser um desastre nos últimos anos da minha vida. Mas eu não quero que digam que me omiti.”
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