A Live Nation está em tratativas finais para se associar à 30e. O NeoFeed apurou que no início da tarde de segunda-feira, 22 de dezembro, houve uma reunião de planejamento na sede da 30e, que fica no Centro Empresarial Água Branca, na capital paulista, com o time da empresa e a participação da eB Capital, que está atuando como financial sponsor dessa associação.

Pessoas próximas à negociação disseram que foi discutido no encontro um plano de negócio agressivo, já considerando a 30e capitalizada, uma nova estrutura de governança e a entrada da Live Nation no cap table.

As conversas entre a Live Nation e a 30e estão em estágio avançado e envolvem uma sociedade estratégica entre os grupos. Essa união entre a maior empresa de entretenimento ao vivo do mundo com a maior produtora independente de shows do Brasil marca a entrada definitiva da Live Nation com uma operação própria no País.

Fontes próximas às empresas confirmaram ao NeoFeed que a operação vem sendo estruturada há um longo período, conforme publicação no fim de outubro do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo. E, a depender do desenho final do negócio e dos ativos incluídos, pode movimentar até R$ 2 bilhões.

“Estão nos detalhes finais. O deal vai sair a qualquer momento e vai ser uma porrada no mercado, algo que não acontecia há muito tempo no entretenimento brasileiro”, diz uma das fontes. “Porque a Live Nation, tendo uma atuação própria, vai dar um outro tipo de volume de negócio e oportunidade para o mercado”, complementa.

A associação com a 30e vai permitir à Live Nation consolidar uma plataforma operacional no País, com maior controle sobre a realização de eventos, acesso direto a artistas globais e integração com sua rede internacional de shows, patrocinadores e espaços.

Para o mercado, o movimento tem potencial de redefinir o equilíbrio competitivo do setor, elevando o nível de profissionalização e ampliando o fluxo de grandes turnês internacionais no Brasil.

Criada há sete anos, a 30e ganhou escala rapidamente e se tornou protagonista no mercado brasileiro de entretenimento ao vivo, liderando a realização de grandes turnês internacionais no País.

Nos últimos anos, esteve à frente de shows de artistas como Paul McCartney, System of a Down, Mariah Carey, The Killers e Twenty One Pilots, além de nomes centrais da música brasileira, como Gilberto Gil, Titãs e Ney Matogrosso.

A aproximação com a Live Nation ocorre em meio a uma reorganização societária e financeira da 30e, que passou a contar com a eB Capital como financial sponsor.

A gestora, que tem Eduardo Sirotsky Melzer, como fundador e CEO, e Marcelo Claure como sócio, assumiu a responsabilidade pela estratégia financeira da companhia, incluindo a provisão de capital (próprio ou de terceiros), a estruturação de operações de crédito e equity e a condução de transações estratégicas.

Nos últimos 18 meses, a eB Capital passou por um reposicionamento relevante no mercado financeiro, ampliando sua atuação para além do private equity tradicional. A casa estruturou uma área robusta de capital solutions, que hoje soma cerca de R$ 6 bilhões sob gestão e foi responsável por dobrar o tamanho em apenas 12 meses.

Nesse modelo, a gestora combina assessoria estratégica, estruturação financeira, crédito, equity e participação em conselhos. E, na prática, esse desenho deu mais robustez à 30e e ajudou a pavimentar o caminho para a entrada de um sócio internacional de grande porte.

Além da eB Capital, que entregou previsibilidade financeira à Live Nation na avaliação do investimento no Brasil, a Artesanal Investimentos, dos sócios Raphael Galhano e Breno Sartoretto, também vai participar da sociedade da nova empresa de live entertainment.

Desde o início, a Artesanal apoiou e financiou a expansão da 30e. A leitura do setor é que a combinação entre o histórico da Artesanal, a musculatura financeira da eB Capital e a capacidade operacional da 30e criou o ambiente ideal para atrair o interesse da Live Nation.

Tudo é show

Por trás do crescimento da 30e está o fundador e CEO Pepeu Correa. Aos 37 anos, ele é um jovem empresário do setor cultural, que construiu a companhia a partir de uma lógica empresarial pouco comum no mercado brasileiro de shows, combinando apetite por risco, disciplina financeira e capacidade de execução em grandes projetos.

Sob sua liderança, a 30e passou de uma produtora independente a uma plataforma estruturada de entretenimento ao vivo, capaz de competir por grandes turnês globais - inclusive em disputas diretas com gigantes internacionais como a própria Live Nation, que perdeu a turnê do cantor brasileiro Jão.

A produtora também entrou no radar global do setor. Em ranking recente da revista Pollstar, que lista as maiores vendedoras de ingressos do mundo, a 30e ficou na 10ª posição, com mais de 1,3 milhão de entradas comercializadas em um período de seis meses — sendo a única promotora brasileira no top 10.

No portfólio de festivais, estão eventos como MITA Festival, Ultra Brasil, Knotfest Brasil, GPWeek e I Wanna Be Tour, além de turnês de grande escala, como a reunião dos Titãs e a recente série de apresentações do System of a Down na América do Sul, que reuniu cerca de 500 mil fãs em nove datas.

No plano global, a Live Nation não é apenas uma potencial parceira — é a líder absoluta do setor de entretenimento ao vivo. A empresa encerrou 2024 com receita próxima de US$ 23 bilhões, organizou mais de 50 mil eventos e levou cerca de 150 milhões de fãs a shows ao redor do mundo.

Além da promoção de eventos, o grupo controla a Ticketmaster, maior plataforma de venda de ingressos do planeta, e opera uma ampla rede de espaços de eventos em dezenas de países, o que lhe confere forte influência sobre a cadeia global do entretenimento ao vivo.

No Brasil, a Live Nation atua desde 2017 e ampliou sua presença com a entrada no capital do Rock in Rio, festival do qual passou a deter 60% em 2019. Mais recentemente, anunciou planos para construir uma arena indoor com capacidade para 20 mil pessoas em São Paulo.

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