Mark Zuckerberg é CEO da Meta, dona das redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp — Foto: Getty Images
Em junho, a Meta, de Mark Zuckerberg, comprou a Scale AI e nomeou o cofundador da startup que fornece infraestrutura de dados e tecnologia para o desenvolvimento de inteligência artificial, o bilionário Alexandr Wang, diretor do seu Superintelligence Labs (MSL). O laboratório é focado na criação de novos modelos de IA de ponta.
Mas, segundo reportagem do Financial Times, a relação entre os dois executivos não anda nada bem. Várias fontes relataram ao jornal que Wang considera sufocante a microgestão de Zuckerberg sobre o trabalho de IA da empresa.
Internamente, alguns funcionários da Meta têm indicado que Wang, de 28 anos, é despreparado para o cargo, considerando sua falta de experiência em gestão de equipes em grandes corporações, além de sua especialização em serviços de dados de IA, em vez de pesquisa em IA voltada para avanços tecnológicos.
Outro executivo contratado há pouco tempo que está sob crescente pressão de Zuckerberg é Nat Friedman, um investidor popular do Vale do Silício e ex-diretor do site de programação GitHub. Alguns membros de sua equipe, segundo o FT, ficaram frustrados com o que consideraram o lançamento apressado do Vibes, o feed de vídeos gerados por IA da Meta, implementado em ritmo frenético para superar o lançamento do Sora, da OpenAI.
TALENTO PREMIADO - Filho de imigrantes chineses e fundador do unicórnio Scale AI, Wang detém hoje uma fortuna de US$ 3,6 bilhões — Foto: Divulgação
“Poucas pessoas são contratadas para cargos de liderança e [a Meta] é um ambiente onde a antiguidade é muito valorizada”, disse um ex-funcionário que saiu recentemente. “Quando você é amigo do Zuck, tem mais margem para errar.”
A decisão da Meta de contratar Wang gerou problemas desde o início. Yann LeCun, então cientista-chefe de IA da big tech e vencedor do Prêmio Turing, não gostou de ter que se reportar ao cofundador da Scale AI.
Por conta disso, e também pelos cortes promovidos na empresa recentemente - 600 funcionários da equipe de IA foram cortados -, LeCun decidiu deixar a Meta e lançar uma nova iniciativa de inteligência artificial.
Além do problema com LeCun, o The New York Times noticiou no início deste mês que Wang estava em conflito com Chris Cox, braço direito de Zuckerberg há muito tempo. Cox queria se concentrar em usar o Facebook e o Instagram para treinar o novo modelo de IA da Meta. Wang discordou e argumentou que o foco deveria ser alcançar os modelos do Google e da OpenAI.
Diante desse cenário, a aposta agressiva da Meta para acelerar na corrida pela inteligência artificial começa a revelar fissuras internas que vão além de disputas pessoais e expõem as dificuldades da empresa em construir uma estrutura de IA coesa em um setor dominado por rivais mais maduros. Para a Meta, o desafio agora não é apenas alcançar OpenAI e Google em desempenho tecnológico, mas provar que consegue reter talentos, alinhar visões estratégicas e transformar ambição em inovação.


