Ao menos 60 pessoas detidas em protestos depois das eleições presidenciais de 2024 na Venezuela foram libertadas na madrugada desta 5ª feira (25.dez.2025). A informação foi divulgada pelo Clippve (Comitê para a Liberdade dos Presos Políticos), ONG de ativistas de direitos humanos que atua no país.
Os libertados foram presos pelas forças de segurança venezuelanas durante manifestações organizadas depois do pleito que reelegeu Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda) em julho do ano passado. A disputa foi marcada por denúncias de fraudes por parte da oposição e organizações internacionais.
A vitória de Maduro desencadeou uma onda de protestos no país que resultou na prisão de cerca de 2.400 pessoas, classificadas como “terroristas” pelo presidente venezuelano. Mais de 2.000 já foram libertadas.
“Comemoramos a libertação de mais de 60 venezuelanos, que jamais deveriam ter sido detidos arbitrariamente. Embora não estejam completamente livres, continuaremos trabalhando por sua plena liberdade e pela de todos os presos políticos”, disse o ativista do Clippve Andreína Baduel à agência AFP. As condições das libertações não foram divulgadas.
Depois do anúncio da vitória de Maduro em 29 de julho de 2024, o resultado foi amplamente questionado pela oposição e por outros países. Segundo o CNE (Conselho Nacional Eleitoral), o chavista teve 51,2% dos votos contra 44% do candidato da oposição Edmundo González. No entanto, os opositores afirmam que o adversário do presidente teria obtido ao menos 67% dos votos nas urnas. Atas de votação, que são documentos públicos, foram usadas para fazer o cálculo.
Até agosto de 2024, ao menos 18 países e a União Europeia não reconheceram a reeleição de Maduro, dentre eles a Argentina e os Estados Unidos. O Brasil, junto com o México e com a Colômbia, pediu que o governo venezuelano divulgasse os boletins de urnas com os resultados e não escalasse a tensão com a oposição.
O governo Maduro tinha até 2 de setembro de 2024 para apresentar os detalhes do resultado eleitoral, conforme estabelecido pela Lei Orgânica dos Processos Eleitorais. O país não cumpriu o prazo, o que foi usado pela oposição para ratificar a tese de manipulação do pleito.
O opositor Edmundo González foi intimado a depor 3 vezes por divulgar atas de votação. No entanto, os documentos, equivalentes ao boletim de urna que existe em eleições brasileiras, são disponibilizados a todos os representantes de partidos nos locais da votação. González, então, foi para a Espanha em setembro de 2024 e está exilado no país desde então.


