“Consideramos estas verdades como autoevidentes, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre os “Consideramos estas verdades como autoevidentes, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre os

O livro sobre a frase que fundou os EUA e criou a democracia moderna

2025/12/28 11:10

“Consideramos estas verdades como autoevidentes, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais estão a Vida, a Liberdade e a Busca da Felicidade.”

Esta é a segunda frase da Declaração de Independência dos Estados Unidos. No original em inglês, são exatas e enxutas 35 palavras que delinearam uma revolução no modo como se concebia a política e a vida em sociedade.

Redigida em 1776 por uma equipe de cinco redatores – dos quais só três, até onde se sabe, botaram a mão na segunda frase – e aprovada pelo Congresso da Filadélfia, a declaração pretendia fundar uma nova nação, amparada em princípios distintos daqueles praticados pela Inglaterra da qual as 13 colônias estavam se separando.

Em especial, os Founding Fathers dos Estados Unidos rejeitavam uma ideia cara ao “sistema britânico”: a de que “certas classes sociais hereditárias, a começar pela realeza e a aristocracia, tinham mais direitos que as demais classes,” explica o historiador Walter Isaacson.

Professor da Universidade Tulane, em Nova Orleans, Isaacson, de 73 anos, hoje é mais conhecido como o biógrafo de Steve Jobs e Elon Musk. Mas ele também é autor de Benjamin Franklin: An American Life (2003), a biografia de um dos redatores da Declaração de Independência.

Agora, o historiador apresenta um exame breve mas esclarecedor da passagem mais lembrada em meio às mais de 3.300 palavras deste documento fundamental.

Seu novo livro, lançado mês passado nos EUA pela Simon & Schuster, tem o título hiperbólico de The Greatest Sentence Ever Written. Mas o exagero é justificável. (Compre aqui)

O livro de 80 páginas inclui apêndices com as diferentes versões da Declaração de Independência e excertos de filósofos que influenciaram seus redatores (para contraste: a biografia de Musk tem mais de 600 páginas).

É uma obra de ocasião, que se antecipa às celebrações do 250º aniversário da Independência americana em 2026.

Ao mesmo tempo, é um livro de intervenção no debate público. O autor tenta erguer as “verdades autoevidentes” citadas pelos Fundadores como um terreno comum sobre o qual os cidadãos americanos, hoje isolados nas “tocas de coelho da internet”, poderiam reencontrar o chamado “sonho americano” de uma sociedade estável, onde todos possam conviver e prosperar.

A essência da Declaração de Independência é criação de Thomas Jefferson, que escreveu o primeiro esboço. Sua versão da “maior frase” foi editada por dois companheiros: Benjamin Franklin e John Adams.

Na original, falava-se em verdades “sagradas e inegáveis” (“sacred and undeniable”). A rasura no manuscrito que substituiu os dois adjetivos por “self-evident” é reconhecida como de Franklin. Na versão de Jefferson, que era cético em matéria religiosa, não havia referência a um Criador que dotaria os homens de direitos inalienáveis. Ao que tudo indica, esse Criador entrou na frase por obra de Adams.

Isaacson examina a frase termo a termo, indicando suas raízes filosóficas. A ideia de que uma verdade poderia ser evidente em si mesma, por exemplo, remonta ao pensamento do escocês David Hume, um bom amigo de Franklin – cinco anos antes da independência, o americano hospedou-se por um mês na casa do filósofo em Edimburgo.

As noções de contrato social e de uma vontade coletiva do povo embasam, diz o historiador, a primeira palavra da frase: we – nós.

Essas ideias contavam com uma sólida tradição filosófica – de Thomas Hobbes e John Locke, no século XVII, a Jean-Jacques Rousseau, cuja obra O Contrato Social, de 1762, Jefferson tinha em sua biblioteca. Redigida onze anos depois, a Constituição americana daria seguimento a essa linha: começa com as palavras “we, the people” – “nós, o povo”.

Isaacson enfrenta com serenidade as limitações e contradições dos Fundadores da primeira democracia moderna.

Ele esclarece o sentido da expressão “todos os homens”: não, não se trata de uma forma convencional de dizer “humanidade”. No entendimento dos 60 indivíduos do sexo masculino reunidos no Congresso da Filadélfia, mulheres não tinham direitos políticos plenos.

A palavra “homens” tampouco incluía descendentes de africanos.

A declaração original de Jefferson, no entanto, condenava a escravidão como “um guerra cruel contra a natureza humana”. Os representantes das colônias sulistas vetaram esse trecho na versão final.

Em 1776, informa Isaacson, “havia cerca de 500 mil pessoas escravizadas nas colônias, o que correspondia a cerca de um quinto da população”. O próprio Jefferson mantinha suas propriedades com mão de obra escrava – e, sabe-se, teve filhos com uma mulher negra.

Contrariando certa historiografia militante, Isaacson não entende essas contradições dos Fundadores como um pecado original que macula tudo o que eles legaram a seu país e às democracias modernas.

Na perspectiva equilibrada do historiador, a “maior frase jamais escrita” contém aspirações de liberdade e igualdade superiores aos homens geniais mas falíveis que a redigiram.

Nos três capítulos finais, o autor faz um chamado a uma espécie de renovação, orientada pela herança de 1776, do contrato social dos Estados Unidos.  Pode ser ingênuo sugerir que uma frase escrita há 300 anos possa guiar o país em seu atual momento de beligerância ideológica, violência política e caos administrativo. Mas vale sempre lembrar que a maior democracia do mundo já teve seu norte.

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