Os partidos com ministérios no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contribuíram com 122 votos favoráveis à aprovação do PL (Projeto de Lei) da Dosimetria –alternativa ao PL da Anistia, que reduz a pena de condenados pelos atos de vandalismo do 8 de janeiro e também daqueles sentenciados por tentativa de golpe de Estado, caso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O texto foi votado na madrugada desta 4ª feira (10.dez.2025).
O PL da Dosimetria foi aprovado com um total de 291 votos favoráveis, além de 148 contrários. Ou seja, contou com cerca de 41,9% de apoio dos partidos da Esplanada. Na aprovação do PL Antifacção, por exemplo, a porcentagem foi de 60%.
O PP, representado na Esplanada por André Fufuca (Esporte) votou 39 vezes pela aprovação. O Republicanos, que tem Silvio Costa Filho em Portos e Aeroportos, contribuiu com 32.
O MDB, de Jader Filho (Cidades), Renan Filho (Transportes) e Simone Tebet (Planejamento), foi responsável por 25 votos pela aprovação do PL, enquanto o PSD, de Alexandre Silveira (Minas e Energia), André de Paula (Pesca) e Carlos Fávaro (Agricultura), por 24.
O PSB, de Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio) e Márcio França (Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte), e o PDT, de Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Wolney Queiroz (Previdência Social), contribuíram com 1 voto cada.
O União Brasil teria contribuído com 47 votos favoráveis, o que elevaria a porcentagem para 58,1%. No entanto, Celso Sabino, ministro do Turismo, foi expulso do partido na 2ª feira (8.dez). Fufuca, ministro do Esporte, chegou a ser afastado do PP, mas não foi expulso.
O PT, o Psol, a Rede e o PC do B não tiveram votos pela aprovação do PL da Dosimetria.
A proposta ainda deve ser avaliada pelo Senado Federal e, se aprovada, pode beneficiar Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Leia como votou cada deputado (ou clique aqui para abrir em outra janela):
Um dos pontos relatório de Paulinho da Força (Solidariedade-SP) –que rebatizou o PL da Anistia em seu parecer– altera a forma de calcular penas de crimes quando cometidos dentro de um mesmo contexto, como em atos coletivos. Hoje, a regra geral é o cômputo cumulativo, em que as penas são somadas integralmente. O novo texto, porém, determina que nesses casos prevaleça a pena do crime mais grave, com a adição de uma fração, que pode variar de 1/6 até metade do tempo da pena.
Sendo assim, segundo a proposta, a pena de 2 dos 5 crimes pelos quais Bolsonaro foi condenado seriam unificadas –tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Prevaleceria a pena do crime maior (golpe de Estado), com o acréscimo variável.
Outro trecho permitirá que o tempo do ex-presidente em regime fechado seja reduzido para 2 anos e 4 meses, segundo o relator. Advogados ouvidos pelo Poder360, no entanto, discordam. Dizem ser impossível calcular o tempo de punição e afirmam que o texto tem incoerências jurídicas.
O projeto aprovado determina que casos não classificados como hediondos voltarão a seguir a regra de progressão depois que 1/6 da pena for cumprida. Ou seja, depois desse período, o ex-chefe do Executivo poderá migrar para o semiaberto ou aberto –nesse regime, Bolsonaro também pode ser beneficiado com a remissão de pena se começar a trabalhar ou estudar. O ex-presidente cumpre pena na Superintendência da PF (Polícia Federal), em Brasília, desde 22 de novembro.
O projeto estava previsto para ser votado na tarde de 3ª feira (9.dez), mas uma confusão generalizada na Câmara adiou a sessão plenária. O tumulto começou quando o deputado Glauber Braga (Psol-RJ) ocupou a cadeira da Presidência em protesto contra a decisão do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB) de pautar, para o dia seguinte, a votação de sua cassação —incluída na mesma sessão que a de Carla Zambelli (PL-SP).
Braga afirmou que ficaria na cadeira de Motta “até o final dessa história”. Em seguida, jornalistas foram expulsos do plenário e o sinal da transmissão da TV Câmara foi cortado. O protesto terminou com o deputado sendo imobilizado com um “mata-leão” e retirado à força pelo Depol (Departamento de Polícia Legislativa).
Após a confusão, a sessão plenária à noite e a votação do PL da Dosimetria foi concluída às 2h30 de 4ª feira (10.dez).


